A escavação do Túnel do Marão já parou por três vezes. Nas duas primeiras vezes devido a providências cautelares interpostas pela empresa Água do Marão e, na terceira vez, foi devido a problemas financeiros. Esta terceira paragem afetou toda a Autoestrada do Marão, que vai ligar Amarante a Vila Real.

A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD promoveu hoje um seminário sobre a geologia, geotecnia e engenharia das autoestradas que estão a ser construídas na região, a do Marão e a Transmontana.

Carlos Matos, da Infratúnel, disse aos jornalistas que estão a ser feitas monitorizações duas vezes por dia ao túnel, que vai ter um cumprimento de 5,6 quilómetros, através das quais se medem as deformações que a infraestrutura possa ter, salientando que "os valores são todos normais".

"Não apresenta nenhum risco", salientou.

Devido à paragem dos trabalhos tem-se especulado muito sobre as condições de segurança do túnel, falando-se em risco de desmoronamentos.

A equipa que faz a monitorização é pluriadisciplinar, com o projetista, geólogo topógrafo e engenheiro em obra, envolvendo entre 10 a 15 pessoas. "Todos os dias se faz a análise, se vê a evolução das marcas e se faz uma análise se é ou não necessário fazer algum tipo de intervenção. Até à data não foi necessário", referiu.

Vítor Santos, da empresa CÊGÊ, que faz o acompanhamento geológico e geotécnico do Túnel do Marão, referiu que foi feita uma contenção provisória do túnel, não sabendo responder à pergunta sobre quanto tempo pode aguentar a estrutura assim.

Até porque, segundo acrescentou, não há conhecimento de uma obra do género que tenha estado parada assim tanto tempo.

Ainda em relação ao túnel, o professor Carlos Coke, do departamento de Geologia da UTAD, referiu que do ponto de vista geológico "há problemas importantes que têm que ter um acompanhamento estreito, dado que se fizeram trabalhos de escavação que afetaram a estabilidade geral do local". "Isso obriga a que haja uma monitorização de toda a zona escavada", sublinhou.

Em termos científicos, o professor referiu que a escavação, em alguns sítios a 400 ou 500 metros de profundidade, constitui uma oportunidade de ter acesso a rochas num estado reduzido de alteração.

A UTAD recolheu amostras a cada passo da escavação, um trabalho que está agora também parado.

"O segmento mais aliciante é o que falta. Espero que esta interrupção termine e que a curto prazo a gente consiga terminar a amostragem e realizar os estudos. São trabalhos que estão incompletos", frisou.

Relativamente à Autoestrada Transmontana, que vai ligar Vila Real a Bragança, o grande desafio desta infraestrutura foi construir a autoestrada sobre o Itinerário Principal 4 (IP4).

"É muito mais fácil construir de raiz do que construir uma obra em que temos que fazer desvios e em que podemos intervir só numa parte da obra de cada vez. Manter o IP4 a funcionar e fazer a obra ao mesmo tempo foi provavelmente o maior desafio em termos construtivos", salientou.

Fonte: Lusa

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