Eduardo Souto Moura apresentou já o projeto para o edifício do Aproveitamento Hidroelétrico de Foz Tua. A obra, a primeira do Arquiteto numa barragem, traduz o objectivo da EDP de reduzir o impacto daquela infraestrutura na paisagem do Douro Vinhateiro, classificada como Património da Humanidade, e ainda de trazer para a região um novo foco de atração cultural e turística.

“Eliminar todo o carácter de ‘edifício’ a esta construção, reduzindo a sua imagem ao carácter de ‘máquina’ inserida na paisagem”, eis o princípio que orientou o desenvolvimento do projeto, segundo Souto Moura.

Quase integralmente subterrânea, a obra adopta formas e materiais característicos da região. Estão presentes os socalcos, o granito, as oliveiras. À superfície, descreve o arquiteto, “tendo como pano de fundo a barragem, e em primeiro plano a ponte do Eng. Edgar Cardoso, a imagem do edifício da Central ficará reduzido a um complexo de máquinas que obrigatoriamente deverá ficar no exterior, na natureza, artificialmente natural”.

A intervenção de Souto Moura consolida as várias soluções que a EDP tem vindo a integrar no projeto da barragem de Foz Tua para minimizar as alterações morfológicas das vertentes, a volumetria exposta das obras e o seu impacto visual.

Entre outras, destacam-se a opção por uma subestação compacta em edifício, a eliminação das torres das comportas junto aos bocais da restituição, a adopção de um talude de escavação com elevada inclinação com vista a diminuir a sua altura e a oculta-lo pelo edifício da central, o arranjo arquitectónico integrado, a não execução do acesso à margem esquerda através do coroamento da barragem de forma a reduzir o impacto paisagístico e proteger comunidades florísticas, ou ainda a definição de zonas de “não-afectação” florística na margem direita, mantendo a vegetação ribeirinha natural.

O Aproveitamento de Foz Tua
O aproveitamento hidroeléctrico de Foz Tua, situado no troço inferior do rio Tua, perto da sua confluência com o rio Douro, foi objecto do primeiro concurso público lançado pelo Instituto da Água (INAG), no âmbito do Plano Nacional de Barragens de Elevado Potencial Hidroeléctrico (PNBEPH).

Iniciada a construção em 2011, a barragem de Foz Tua tem a sua conclusão prevista para 2016, envolvendo um investimento da ordem dos 305 milhões de euros e criando cerca de 4 mil empregos diretos e indiretos.

O novo empreendimento será constituído por uma barragem em betão, do tipo abóbada, por uma central subterrânea com dois grupos reversíveis com uma potência total de 259 MW. Prevê-se uma produção bruta anual de 585 GWh .

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