O presidente da câmara de Vimioso garantiu hoje haver condições no concelho para serem criados mais de 70 novos postos de trabalho no próximo ano, mas disse temer a falta da mão de obra devido à desertificação.

A criação de postos de trabalho surge na sequência de investimentos privados e municipais que entrarão em funcionamento durante o primeiro semestre de 2011 naquele concelho trasmontano.

Em declarações à agência Lusa, José Rodrigues avançou que o concelho poderá não ter uma resposta eficaz para os postos de trabalho a criar. "Há oferta de emprego, mas não há população residente, já que muita gente deixou o concelho à procura de melhores condições de vida. Contudo há pessoas com vontade de se fixarem em Vimioso", acrescentou o autarca.

Investimentos na área da fileira da carne proveniente de raças autóctones, um complexo termal, um parque ambiental, ou uma unidade de comércio e armazenamento de cortiça, são para já as empresas com maior capacidade empregadora.

"Nós precisamos de facto de gente jovem para mater o concelho activo", sintetizou. A autarquia tem lançado nos últimos anos, incentivos para a fixação de jovens casais no concelho, "mas nem sempre é tarefa fácil".

O representante da Cooperativa Agrícola Mirandesa, Fernando Sousa, acrescentou que foi lançando um concurso para admissão de pessoal para a unidade transformadora de carnes, cuja iniciativa é da cooperativa, ficando o número de candidatos aquém das expetativas.

Para colmatar a lacuna, os responsáveis pela CAM, de momento o maior investidor no concelho de Vimioso, pensam em contratar pessoal qualificado no exterior, " mas os ordenados exigidos são demasiado altos", acrescentou o técnico.

"Temos o caso de um contabilista que nos pediu cerca de quatro mil euros mensais para desempenhar a função, o que é inconcebível ", exemplificou Fernando Sousa.

O responsável vai mais longe e garante que este tipo de pedido por parte de profissionais qualificados se deve às assimetrias entre o litoral e o interior.

"As pessoas exigem remunerações elevadas para fazer face as despesas do dia a dia, em alguns casos os profissionais têm de deixar as famílias nos seus locais de origem, o acarreta mais despesa ", conclui.

"A desertificação do concelho é o principal entrave a mão de obra especializada", opinou.

Fonte: "Lusa"

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